Fiquei pensando o que diria, se tivesse que confortar as famílias e os amigos das vítimas do incêndio ocorrido em Santa Maria. Confesso que afastei logo o pensamento de tal empreitada, apenas pedindo a Deus que ilumine meus irmãos padres a quem caberá tal missão. O problema é que o ocorrido nos afeta, mesmo que indiretamente, por se tratar de uma notícia que causa comoção nacional.
A morte em si mesma já é cruel, dolorosa... mas quando vem assim, no atacado ela assume um rosto trágico, quase sarcástico. Parece querer zombar de nós, nos dizer que não somos nada, nada valemos e que, por mais jovens, saudáveis, bonitos e "vivos" que estejamos; na verdade a nossa existência é frágil, fugaz e passageira.
Claro, diremos para nós mesmos que ela (a morte) não tem a última palavra, que Deus a subjugou, que cremos na vida eterna. Certo. Mas humanamente falando (e somos humanos!) a dor da perda de alguém que se ama é amarga. Imaginemos esta dor multiplicada por mais de 240 vezes?! Uma dor que não veio a galope ou parcelada, mas que ataca de um só golpe. Vem numa noite que era para ser de festa, diversão e alegria. Uma noite de luzes e sons festivos transformada em noite de escuridão, desespero, pânico, morte...
Olho para mim, olho para os meus e penso: e se fosse conosco? Olho de novo e lembro da expressão de Santo Ambrósio falando sobre o modo de encarar morte: "tem de haver uma diferença entre os servos de Cristo e os pagãos".*
É verdade, tem de haver uma diferença! E ela reside precisamente neste meu olhar... olho de novo para mim e para os meus e agora já não vejo a morte. Agora meus olhos, mesmo que lacrimosos, se elevam para Ele e me lembro do querido Santo Ambrósio que intui: "Os nossos mortos não foram enviados para longe de nós, mas apenas antes de nós –
eles a quem a morte não destruirá, mas a quem a eternidade receberá"**.
Que a eternidade receba os que partem desde exílio antes de nós. Amém.
(Pe Elenivaldo Santos. Paróquia Santa Luzia/Goiânia-GO)
*Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja. Sobre a morte de seu irmão.
**Idem
(Pe Elenivaldo Santos. Paróquia Santa Luzia/Goiânia-GO)
*Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja. Sobre a morte de seu irmão.
**Idem
sabias palavras padre. e que deus estaja com as familias
ResponderExcluirA fé, somente a fé poderá confortar as famílias!
ResponderExcluirLindo Padre !
ResponderExcluirTriste, sem palavras...
ResponderExcluirQue Deus conforte essas famílias!
Amém! Que sabedoria Padre!
ResponderExcluirAmém! que conforto ter um sacerdote como o senhor,espero em Deus que em Santa Maria tenha Padres assim...
ResponderExcluirAmém! Deus permita que em Santa Maria tenha sacerdotes com o senhor...
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