Imigrantes trabalham no sistema kafala e já há registro de 1200 mortos
Roma, (Zenit.org)
Uma tragédia esquecida e uma catástrofe silenciosa: sob o sol do Catar, 1.200 pessoas já morreram na construção de estádios para o Mundial de Futebol de 2022.
A denúncia dos sindicatos internacionais e italianos, transmitida pela Rádio Vaticano, destaca as condições de escravidão em que os imigrantes trabalham no país árabe. A fim de despertar a atenção para este drama, os sindicatos escreveram uma carta ao governo italiano e aos dirigentes internacionais do futebol.
A principal acusação dos sindicatos é contra o sistema "kafala", uma relação de trabalho a que empresários do Catar submetem trabalhadores indianos e nepaleses: os empregados não podem deixar a empresa sem o consentimento do empregador, não têm visto para sair do país e não existe acordo claro sobre as condições de trabalho, as horas e os salários.
O sindicado denuncia que, no país, mais de um milhão de trabalhadores são obrigados a trabalhar 16 horas por dia, com 50 graus centígrados à sombra. "Mais da metade das mortes se devem a ataques cardíacos causados pelas condições ambientais e de trabalho. Se nada for feito, as 2.022 mortes de hoje passarão para 4.000. Um rio de sangue inocente que pode transformar a festa do esporte numa tragédia".
O governo do Catar sempre rejeitou as acusações e os dados sobre as mortes, mas, nos últimos dois anos, foram registrados nas embaixadas da Índia, do Nepal e de Bangladesh 900 casos, metade dos quais classificados como “imprevistos de natureza desconhecida” ou “parada cardíaca”.
As federações sindicais mundiais da construção suspeitam que os dados escondam mortes por trabalho exaustivo.
(17 de Abril de 2015)
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