Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Carta 102 (a Déogratias), 8.11-12
Se Cristo diz que Ele é o caminho da salvação, da graça e da verdade, se é Ele o único caminho para o Pai (Jo 14,6) para os que n'Ele crêem, há quem pergunte o que acontece aos homens que viveram nos séculos que antecederam a Sua vinda. [...] Respondemos que Cristo é a Palavra de Deus pela qual tudo foi feito; Ele é Filho porque é Palavra, não uma palavra que desaparece logo que é pronunciada, mas a Palavra imutável e eterna que permanece junto do Pai imutável, que rege o universo espiritual e corporal de acordo com a conveniência dos tempos e dos lugares. Este Verbo (Jo 1,1-2) é a própria sabedoria e ciência; cabe-Lhe regular tudo e tudo governar, de acordo com o tempo e da maneira que julga conveniente. [...] É sempre o mesmo (He 13,8) [...], foi sempre o mesmo, como o é ainda hoje. [...]
É por isso que, desde a origem do género humano, todos os que creram n'Ele, que de alguma maneira O conheceram, todos os que viveram em piedade e em justiça de acordo com os Seus preceitos, foram indubitavelmente salvos por Ele, qualquer que fosse o tempo e o lugar da sua existência. [...] Assim, do mesmo modo que nós cremos n'Aquele que habita junto do Pai (He 1,3) e que veio até nós pela carne, do mesmo modo os antigos acreditavam n'Aquele, que habita junto do Pai e que haveria de encarnar. A passagem do tempo faz com que se proclame agora como um facto consumado o que então era anunciado como acontecimento futuro, mas a fé não mudou por causa disso e a salvação continua a ser a mesma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário