Conferência sobre População e Desenvolvimento no Cairo. Nafis Sadik, egípcia, Secretária geral da Conferência, defende o controle da natalidade mediante a descriminalização do aborto e o mais que for preciso.
A Madre Teresa sobe ao estrado, no meio de um ansioso silêncio, feito de irreprimível admiração e de temor pelo testemunho vivo da coerência materializada num ser humano, e, com a voz transida de emoção, de uma emoção que contagia os mais recalcitrantes, diz concisamente:
- O mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente, segundo os cientistas e pesquisadores, para todos; existe riqueza mais que de sobra para todos. Só é questão de reparti-la bem, sem egoísmo. O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei uns pais para elas. Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o Estado, nem o médico. Ninguém. Nunca, jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o medo é sempre uma grande pobreza.
(Retirado do livro "Madre Teresa de Calcutá", de Miguel Ángel Velasco, Editora Quadrante, 1996)
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