O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, comunicou hoje, 3, durante a missa dos bispos eméritos, no Santuário Nacional de Aparecida (SP), sobre o falecimento do bispo emérito da Cidade de Goiás (GO), dom Tomás Belduíno, no final da noite desta sexta-feira, 2 de maio, aos 91 anos de idade. Ele estava internado há vários dias em tratamento por causa de complicações cardíacas e de um câncer. O corpo do bispo está sendo velado na Igreja São Judas Tadeu, dos Frades Dominicanos, em Goiânia. O sepultamento, em horário ainda não confirmado, será realizado na Catedral da Cidade de Goiás, em dia e horário ainda não divulgados.
Dom Tomás nasceu em Posse (GO) em 1922. Ingressou na Ordem Dominicana em São Paulo (SP) e recebeu a ordenação presbiteral em Saint Maximin, na França, em 1948. Antes de ser bispo, foi superior da missão dominicana em Conceição do Araguaia (PA) de 1956 a 1964 e prelado administrador desta prelazia, entre 1966 e 1967, sendo também bispo coadjutor. Nesta região, atuou na defesa dos povos indígenas e das famílias sertanejas.
Fez mestrado em Antropologia e Linguística, na Universidade de Brasília, com a finalidade de desenvolver um melhor trabalho junto aos índios. Aprendeu a língua dos povos Xicrin, Bacajá e Kayapó.
Atuou na defesa de pessoas perseguidas pela ditadura, durante o regime militar no Brasil. Em junho de 2013, esteve presente no Seminário Internacional Memória e Compromisso, promovido pela Comissão Brasileira Justiça e Paz, em Brasília, com o objetivo de lembrar o papel dos cristãos no processo de anistia política e de redemocratização do país durante o período de 1964 a 1988.
Em 1967, foi nomeado bispo da diocese de Goiás, onde permaneceu até 1999. Neste período, dom Tomás colaborou na fundação do Conselho Indigenista Missionário e da Comissão Pastoral da Terra.
Em 2006, recebeu o Prêmio de Direitos do Homem Dr. João Madeira Cardoso, pela Fundação Mariana Seixas, de Portugal, e também o título de Doutor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, pelo seu trabalho em favor da cidadania e direitos humanos.
Em 2008, recebeu, nos Estados Unidos, o prêmio Reflections of Hope, da Oklahoma City National Memorial Foudation, por sua atuação no combate à miséria.
CNBB EMITE NOTA
Nota de pesar pelo falecimento de dom Tomás Balduíno
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida em Assembleia Geral na cidade de Aparecida (SP), recebe com profunda tristeza a notícia do falecimento do bispo emérito de Goiás (GO), dom Tomás Balduíno, OP, ocorrido ontem, em Goiânia (GO).
Este nosso irmão dedicou sua vida e ministério ao serviço do Povo de Deus e à defesa dos direitos humanos, especialmente à causa dos pequenos agricultores e povos indígenas. Inspirado por seu lema episcopal “Homines Capiens” (Pescador de Homens), aprendeu a língua dos índios Xicrin, do grupo Bacajá, e Kayapó e também se tornou piloto de avião para melhor atender as comunidades indígenas.
Em 1965, foi nomeado Prelado de Conceição do Araguaia (PA), e em 1967 foi transferido para a Diocese de Goiás, onde trabalhou por 31 anos. Marcou profundamente a história da Igreja no Brasil, ao colaborar na fundação do Conselho Indigenista Missionário, do qual foi o seu segundo presidente, e também da Comissão Pastoral da Terra, que presidiu entre 1997 e 1999, permanecendo como presidente de honra.
Ao manifestar pesar pela morte de dom Tomás, a CNBB presta sua solidariedade aos seus familiares, à Diocese de Goiás e à Ordem dos Pregadores. Eleva, ao mesmo tempo, uma prece de ação de graças por este nosso irmão que marcou sua trajetória pela entrega à causa do Reino.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida / SP
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís / MA
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo auxiliar de Brasília/DF
Secretário Geral da CNBB
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