Trigésimo Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 30º domingo Comum diz-nos, de forma clara e inquestionável, que o amor está no centro da experiência cristã. O que Deus pede – ou antes, o que Deus exige – a cada crente, é que deixe o seu coração ser submergido pelo amor. O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: «amar a Deus» é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.
A primeira leitura garante-nos que Deus não aceita a perpetuação de situações intoleráveis de injustiça, de arbitrariedade, de opressão, de desrespeito pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres e dos mais débeis. A título de exemplo, a leitura fala da situação dos estrangeiros, dos órfãos, das viúvas e dos pobres vítimas da especulação dos usurários: qualquer injustiça ou arbitrariedade praticada contra um irmão mais pobre ou mais débil é um crime grave contra Deus, que nos afasta da comunhão com Deus e nos coloca fora da órbita da Aliança.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã (da cidade grega de Tessalônica) que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida; e esse percurso — cumprido na alegria e na dor — tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades cristãs do mundo grego. Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.
Fonte: ecclesia.pt
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(Mt 22,34-40)
Naquele tempo, 34os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”
37Jesus respondeu: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
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Comentário do dia: Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja. Sermão inédito sobre a carta de São Tiago
Três amores, dois mandamentos
Deus não te pede muitas coisas porque, por si mesma, a caridade é o pleno cumprimento da Lei (Rom 13,10). Mas este amor é duplo: amor a Deus e amor ao próximo. […] Quando Deus te manda amar o próximo, não te diz: ama-o com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente; mas diz-te: ama o teu próximo como a ti mesmo. Portanto, ama a Deus com todo o teu ser, porque Ele é maior do que tu; ama o teu próximo como a ti mesmo, porque ele é como tu. […]
Mas, se há três objetos do nosso amor, porque há apenas dois mandamentos? Vou dizer-te: Deus não julgou necessário encarregar-te de te amares a ti próprio porque não há ninguém que não se ame a si mesmo. Mas muita gente se perde porque se ama mal. Ao mandar-te amá-Lo com todo o teu ser, Deus deu-te a regra segundo a qual deves amar. Queres amar-te? Então ama a Deus com todo o teu ser. Com efeito é nele que te encontrarás, evitando assim perderes-te em ti. […] Deste modo é-te dada a regra segundo a qual deves amar-te: ama Aquele que é maior do que tu e amar-te-ás a ti mesmo.
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Responsório (Sl 17)
— Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.
— Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força,/ minha rocha, meu refúgio e Salvador!/ Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ minha força e poderosa salvação.
— Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ sois meu escudo e proteção: em vós espero!/ Invocarei o meu Senhor: a ele a glória!/ E dos meus perseguidores serei salvo!
— Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo!/ E louvado seja Deus, meu Salvador!/ Concedeis ao vosso rei grandes vitórias/ e mostrais misericórdia ao vosso Ungido.
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