(Mc 6,30-34)
Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles.
34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.
São Bernardo |
Comentário do dia: São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja: Homilias sobre o Cântico dos Cânticos, n° 61, 3-5
«Tirareis água com alegria das fontes da salvação» (Is 12,3)
Onde poderá a nossa fragilidade encontrar repouso e segurança senão nas chagas do Salvador? […] Perfuraram-Lhe as mãos e os pés e, com uma lança, o lado. Por esses orifícios abertos posso saborear o mel dos rochedos (cf Sl 80,17) e o óleo que corre da pedra dura, isto é, «saborear e ver como o Senhor é bom» (cf Sl 33,9). Ele concebia pensamentos de paz (cf Jr 29,11) e eu não sabia. «Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem Lhe serviu de conselheiro?» (Rom 11,34) Mas o cravo que nele penetrou tornou-se para mim a chave que abre o mistério dos seus desígnios.
Temos de ver através dessas aberturas. Os pregos e as chagas gritam que, verdadeiramente, na pessoa de Cristo, Deus Se reconcilia com o mundo. O ferro trespassou o seu ser e tocou o seu coração para que Ele nunca mais ignore como Se há-de compadecer das minhas fraquezas. O segredo do seu coração aparece a nu nas chagas do seu corpo; vê-se a descoberto o grande mistério da sua bondade, essa ternura misericordiosa do nosso Deus, «que das alturas nos visita como sol nascente» (Lc 1,78). E como poderia essa ternura deixar de se manifestar nas suas chagas? Seria difícil mostrar mais claramente que pelas tuas chagas, Senhor, que Tu és manso e compassivo e duma grande misericórdia, pois não há maior amor do que dar a vida (Jo 15,13) pelos condenados à morte
Todo o meu mérito é, pois, a piedade do Senhor e nunca me faltará mérito enquanto não Lhe faltar piedade. Se as misericórdias de Deus se multiplicarem, os meus méritos serão numerosos. Mas que acontecerá se eu tiver uma grande quantidade de faltas a censurar-me? «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rom 5,20). E se «a bondade do Senhor é para sempre» eu, por mim, «cantarei eternamente as misericórdias do Senhor» (Sl 102,17; 88,2). Será esta a minha justiça? Senhor, farei memória da tua justiça, porque ela é a minha justiça, pois para mim Te tornaste justiça de Deus (cf Rom 1,17).
Responsório (Sl 22)
— O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.
— O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.
— Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!
— Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda.
— Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.
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