(Lc 4,24-30)
Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: 24“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.
28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
Comentário do dia: Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja. Sobre as viúvas; PL 16, 247-276
A fé da viúva de Sarepta, que acolhe o enviado de Deus
Num tempo em que a fome desolava a terra inteira, porque terá Elias sido enviado a uma viúva? Há uma graça especial que liga duas mulheres: um anjo é enviado a uma virgem e um profeta é enviado a uma viúva. Ali Gabriel, aqui Elias; e são escolhidos o anjo e o profeta mais eminentes! Mas a viuvez, em si mesma, não merece louvores, se não se lhe acrescentarem outras virtudes. À história não faltam viúvas; contudo, há uma que se distingue entre todas e as exorta com o seu exemplo. […] Deus é particularmente sensível à hospitalidade: no evangelho, promete uma recompensa eterna por um copo de água fresca (cf Mt 10,42); aqui, a profusão infinita das suas riquezas por um pouco de farinha ou uma medida de azeite. […]
Porque nos julgamos donos dos frutos da terra quando a terra é uma oferenda perpétua? […] Invertemos, para nosso benefício, o sentido daquele mandamento universal: «Também vos dou todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento; e todos os animais da terra, todas as aves dos céus e todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra» (Gn 1,29-30); ao açambarcar, só encontramos o vazio e a escassez. Como podemos esperar o cumprimento da promessa, se não observamos a vontade de Deus? Obedecer ao preceito da hospitalidade e honrar os nossos hóspedes é um são procedimento; pois não somos também nós hóspedes aqui na terra?
Como é perfeita esta viúva! Embora atormentada por uma grande fome, continuava a venerar a Deus; e não guardava as provisões só para si: partilhava-as com seu filho. É um bonito exemplo de ternura, mas é um exemplo ainda mais belo de fé! Pois esta mulher não deveria preferir ninguém a seu filho, mas eis que coloca o profeta de Deus acima da sua própria vida. Reparai bem que não lhe deu apenas um pouco de comida, mas toda a sua subsistência; não ficou com nada para si. Assim como a sua hospitalidade a inspirou a uma doação total, assim também a sua fé a conduziu a uma confiança total.
Responsório (Sl 41)
— Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?
— Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!
— A minh’alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?
— Enviai vossa luz, vossa verdade: elas serão o meu guia; que me levem ao vosso Monte santo, até a vossa morada!
— Então irei aos altares do Senhor, Deus da minha alegria. Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, meu Senhor e meu Deus!
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