Paróquia Santa Luzia

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15 de fev. de 2014

Preparação Imediata ao matrimônio: "Conveniente preparação litúrgica que preveja mesmo a participação ativa dos nubentes"

"Cuidar-se-á de que os particulares da celebração matrimonial sejam caracterizados por um estilo de sobriedade, de simplicidade, de autenticidade. O tom de festa não deverá, de fato, ser prejudicado por excesso de pompa." (PSM71)

São Paulo, 14 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org)


Em nosso último artigo (Edição do Zenit de 31 de Janeiro de 2014), apresentamos o terceiro momento de formação dos noivos, a preparação imediata, que além de ser uma revisão das outras, deve se focar nos aspectos espiritual da formação e litúrgico da celebração.



E isso porque, embora seja uma festa, a celebração do Matrimônio é um ato litúrgico, um ato de fé orientado e certificado pela Igreja. Por isso, a celebração não pode ser ditada pelas conveniências dos cerimoniais que se preocupam, na maior parte das vezes, com a etiqueta social e com os melhores ângulos para fotos e filmagens.

É uma festa de fé, não de exibição ou de realização de sonhos cultivados sobre bases pagãs. E muitos sonhos, além de nada litúrgicos, são ainda caros e constituem barreiras que dificultam a realização do casamento.

Não é raro escutar casais, com anos de namoro, dizerem que ainda não podem se casar por não poder comprar o vestido de noiva, não poder contratar a filmagem tipo "Hollywood", não poder contratar uma festa com buffet e, até mesmo, não poder pagar a taxa cobrada ou não encontrar data disponível na igreja mais bonita da cidade.

Vários elementos que não fazem parte e são totalmente dispensáveis à liturgia do casamento acabaram se incorporaram ao "senso comum", sufocando a essência da celebração do Matrimônio. Não é por menos que o documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio, base de nossa coluna, já orienta:Cuidar-se-á de que os particulares da celebração matrimonial sejam caracterizados por um estilo de sobriedade, de simplicidade, de autenticidade. O tom de festa não deverá, de fato, ser prejudicado por excesso de pompa. (PSM71)

Estilo de sobriedade? De simplicidade? Parece que o Vaticano está falando às paredes, pois não é isso que temos assistido em nossas igrejas.

Pelo contrário, é comum que os casais e suas famílias, até as mais piedosas,  se empenhem por dias ou meses nos preparativos da celebração. Mas não me refiro à escolha das leituras, músicas, penitência etc. Me refiro à escolha das roupas, ornamentação da igreja, ensaio da entrada (ou desfile!) das damas, pajens e padrinhos, cerimonial, fotografia, filmagem, bombons e.... parece não ter fim.

Com a proximidade do casamento, a lista de tarefas parece não diminuir e ainda há o famoso "making off" das fotos, a "prova" da maquiagem e cabelo e, no dia do casamento, o dia da noiva no salão!

No meio disso tudo, onde encontrar um espaço para a preparação espiritual?  Além de sufocar a celebração, a diversidade de "invenções" da indústria do casamento sufoca também os dias que o antecedem.

A celebração do sacramento precisa permitir que os noivos e todos que dela tomam parte, participem ativamente dela. A preparação imediata precisa trabalhar o rito matrimonial com os noivos, explicando cada uma de suas partes, uma vez que "os nubentes devem ser ajudados a tomar parte consciente e ativa na celebração nupcial, entendendo também o significado dos gestos e dos textos litúrgicos."(PSM52)

Uma vez esclarecidos da tamanha importância, estarão aptos a prepararem a celebração com mais consciência e evitarem a sua profanação. Por exemplo, na hora de escolherem leitores, não vão apenas homenagear um amigo ou parente, mas pesarão a recomendação da Igreja de que "a proclamação da Palavra de Deus seja feita por leitores idôneos e preparados." (PSM68)

Os noivos também precisam ser orientados sobre a escolha da igreja, para que conheçam a recomendação de que o Matrimônio seja celebrado na comunidade paroquial de um deles (o que também é regido pelo cânon 1115 do Código de Direito Canônico). Cientes que "é bom que toda a comunidade paroquial tome parte nesta celebração, à volta das famílias e dos amigos dos nubentes" (PSM54), não vão escolher uma igreja apenas pela sua beleza ou peso social. 

Várias outras recomendações devem ser dadas, como as relacionadas com as músicas e as testemunhas (conhecidas como padrinhos), mas não se pode esquecer da orientação sobre a confissão.

Será que nossos cursos/encontros de noivos se lembram de recomendar aos noivos que se confessem?  Principalmente em uma sociedade que pensa que alguns pecados foram abolidos. A Igreja afirma que "que os futuros esposos se disponham para a celebração do Matrimônio para que ela seja válida, digna e frutuosa, recebendo o sacramento da Penitência" (PSM53).

Notamos que a tarefa dos agentes que trabalham na preparação dos noivos é desafiadora também na etapa da preparação imediata. Nesta, com "encontros especiais, de modo intensivo" (PSM50), como nos pede a Igreja, quatro finalidades devem ser objetivadas:

"a) sintetizar o percurso do itinerário precedente, especialmente nos conteúdos doutrinais, morais e espirituais, preenchendo assim as eventuais carências da formação básica;

b) realizar experiências de oração (retiros espirituais, exercícios para nubentes) em que o encontro com o Senhor possa fazer descobrir a profundidade e a beleza da vida sobrenatural;

c) realizar uma conveniente preparação litúrgica que preveja mesmo a participação ativa dos nubentes, com cuidado especial no sacramento da Reconciliação;

d) valorizar, por um conhecimento mais aprofundado de cada um, os colóquios canonicamente previstos com o pároco." (PSM50).

De modo resumido, para preparem bem a celebração, deve conhecer a sua real dimensão.

Devemos, também nós, examinar nossa consciência e avaliar em que medida contribuímos com a paganização de uma das mais profundas celebrações da Igreja. Em que ponto achamos que tudo é normal?

Por experiência própria, comento da riqueza que foi, para minha esposa e eu, buscar uma celebração mais simples. Tivemos tempo de fazer adoração ao Santíssimo Sacramento e frequentar missa nos dias que o antecederam (como já fazíamos na época de namoro e noivado). Fizemos ainda uma novena a São José, buscamos a confissão e nos focamos no mistério do sacramento do Matrimônio.  A celebração foi bem preparada com um folheto para que todos a acompanhassem e as músicas foram religiosas relacionadas com cada momento da liturgia. Fotografia a cargo de um tio e uma filmagem sem grandes produções, para registrar o momento e gravar a homilia para que pudéssemos escutar novamente no futuro.

Precisamos todos acreditar, viver e propagar que a celebração do Matrimônio não é bem o que anda acontecendo por aí. Isso faz parte de nossa missão de católicos e, mais ainda, se estamos na pastoral com os noivos.

Paz e bem! 

André Parreira (alparreira@gmail.com), da diocese de São João del-Rei-MG, é autor de livros sobre a preparação para o Matrimônio e responsável no Brasil pelo DVD "Sim, Aceito!", lançado em parceria com a Pastoral Familiar da CNBB. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais e é colunista colaborador de ZENIT.

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