A Constituição Dogmática "Lumen Gentium"(Luz dos Povos) é um documento do Concílio Vaticano II que foi promulgado em novembro de 1964. É um documento que trata do Mistério da Igreja e o capítulo VIII é dedicado à Virgem Maria.
Durante este mês de maio, mês de Maria, estamos publicando alguns parágrafos deste capítulo tão belo e rico.
(Parágrafos 56 e 57)
Maria na Anunciação
56. Mas o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuisse para a vida. É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus, dando à luz do mundo a própria Vida, que tudo renova. Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão; e, por isso, não é de admirar que os santos Padres chamem com frequência à Mãe de Deus «toda santa» e «imune de toda a mancha de pecado», visto que o próprio Espírito Santo a modelou e d'Ela fez uma nova criatura. Enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como «cheia de graça» (cf. Lc 1,28); e responde ao mensageiro celeste: «eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus onipotente o mistério da Redenção. por isso, consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, «obedecendo, ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o género humano». Eis porque não poucos, Padres afirmam com ele, nas suas pregações, que «o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé»; e, por comparação com Eva, chamam Maria a «mãe dos vivos» (Santo Epináfio) e afirmam muitas vezes: «a morte veio por Eva, a vida veio por Maria» (São Gerônimo).
Comentário (Pe Elenivaldo): O parágrafo 56 traça um paralelo entre Eva e Maria. Ambas são mães. A primeira é a mãe segundo a carne, mãe da humanidade antiga e contaminada pela queda. Eva não conseguiu resistir à tentação do pecado e caiu. Com ela, caiu toda a humanidade nascida. Já Maria, é a nova Mulher preparada para ser a mãe da nova humanidade. Na obediência de Maria está o grande trunfo de Deus: obedecendo à vontade do Pai, Maria colabora de modo impecável para reerguer a humanidade.
Maria na infância de Jesus
57. Esta associação da mãe com o Filho na obra da salvação, manifesta-se desde a conceição virginal de Cristo até à Sua morte. Primeiro, quando Maria, tendo partido solicitamente para visitar Isabel, foi por ela chamada bem-aventurada, por causa da fé com que acreditara na salvação prometida, e o precursor exultou no seio de sua mãe (cf Lc 1, 41-45); depois, no nascimento, quando a Mãe de Deus, cheia de alegria, apresentou aos pastores e aos magos o seu Filho primogênito, o qual não só não lesou a sua integridade, mas antes a consagrou (Concílio Lateranense). E quando O apresentou no templo ao Senhor, com a oferta dos pobres, ouviu Simeão profetizar que o Filho viria a ser sinal de contradição e que uma espada trespassaria o coração da mãe, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos (cf Lc 2, 34-35). Ao Menino Jesus, perdido e buscado com aflição, encontraram-n'O os pais no templo, ocupado nas coisas de Seu Pai; e não compreenderam o que lhes disse. Mas sua mãe conservava todas estas coisas no coração e nelas meditava (cf. Lc 2, 41-51).
Comentário (Pe Elenivaldo): Continuamos na Escola de Maria. E ela, como mestra nos ensina que, passo a passo, podemos nos associar a Jesus. Perceba a sequência dos acontecimentos da infância de Jesus que o parágrafo traz: primeiro a visita de Maria a Isabel; depois a visita dos magos logo após o nascimento do Menino; em seguida a apresentação no templo e, finalmente, o reencontro da Sagrada Família após o "sumiço" no templo. O que isso nos ensina acerca de Maria? Ora, que ela é protagonista de todo o desenvolvimento da maravilhosa aventura da Santíssima Trindade entre nós. Ao se deixar conduzir por Deus, ela possibilita a ação Dele na nossa história.
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