Paróquia Santa Luzia

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8 de jun. de 2013

A arte de caminhar juntos: «Todos devemos ser um pouco pobres»

L’Osservatore Romano
«Todos devemos ser um pouco pobres» porque se todas as pessoas se pusessem este problema, se todos nos tornássemos um pouco mais pobres para nos assemelharmos a Jesus mestre pobre, muitos problemas poderiam encontrar solução. De facto, a pobreza é «um escândalo», «um brado». Sobretudo num mundo «no qual há tantas riquezas e recursos», mas não se compreende porque não se consegue dar de comer a todos. «Também por isto renunciei a algumas riquezas». O Papa Francisco explica assim as suas escolhas. E fá-lo respondendo à curiosidade de 
alguns dos nove mil estudantes das escolas que os jesuítas têm na Itália e na Albânia, recebidos em audiência na sala Paulo VI na manhã de sexta-feira, 7 de Junho. E depois confessa-lhes que escolheu não habitar no Palácio Apostólico não por «virtude pessoal» mas porque «eu gosto de estar entre o povo – diz – e estar sozinho não me faria bem».

Poderia esperar-se isto: o encontro com estes jovens transformou-se num diálogo directo e  improvisado, genuíno, sem filtros. Um diálogo que não estava previsto pelo protocolo. Mas o Papa pôs de lado o discurso preparado, resumindo-o, e convidou os jovens a aproximarem-se livremente ao microfone para lhe fazer perguntas. «Estou à disposição» disse. E fizeram-no dez jovens e um professor.
Os temas foram vários: das curiosidades pessoais às perguntas existenciais. Foram frequentes as perguntas sobre a instabilidade do futuro visto com os olhos dos mais jovens. E o Papa, não escondendo as dificuldades que certamente encontrarão no seu percurso,  faz compreender a importância de saber levantar-se sem receio das falências e das quedas. A arte de caminhar implica a capacidade de suportar o cansaço. Mas é uma arte, frisou, que seria desagradável e tedioso praticar sozinhos: é melhor caminhar no âmbito de uma comunidade, com os amigos.
Este estilo de vida, responde depois a Monica e a Antonella, leva a abraçar uma determinada vocação. No caso do Papa. a de ser jesuíta. O que o estimulou, confidencia, foi a missionariedade, o desejo de sair para fora do próprio contexto para ir anunciar Jesus Cristo: e o seu desejo pessoal era partir para o Japão.
E ao contrário tornou-se Papa: «Desejaste sê-lo?» perguntou-lhe Eugenio. «Se uma pessoa não ama muito a si mesmo, Deus não o abençoa. E quem se ama a si mesmo não deseja ser Papa. Por isso não fui eu que quis ser Papa».
E depois a crise, a precariedade, a política. Federica fala-lhe dos receios que os jovens têm do futuro considerando a agressividade da crise que não é uma questão só italiana, frisou o Papa, mas diz respeito a todo o mundo. É sobretudo uma «crise humana antes de ser económica e social». O que está em crise é antes de tudo o valor da pessoa humana porque hoje conta mais o dinheiro. Sim, reafirmou, «a pessoa hoje é escrava e compete também aos jovens activar-se para a libertar da escravidão das estruturas económicas e sociais».
E a política não é algo que se deve manter distante, ao contrário, para os leigos cristãos é «um dever, uma obrigação» afirma o Pontífice em resposta à pergunta de um professor. É necessário «ser ativos na política: não podemos comportar-nos como pilatos, lavar as mãos. De facto, a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque procura o bem comum. E se a política não é límpida, acrescenta o Papa, talvez seja também porque os cristãos não se comprometeram  o suficiente com espírito evangélico.
E depois de novo a pobreza. Giacomo perguntou-lhe como se relacionar com a pobreza. Firme foi a resposta do Papa: não se pode falar de pobreza abstrata sem a experiência dos pobres, isto é, sem ter posto as mãos na carne de Cristo».

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