(Jo 21,20-25)
Naquele tempo, 20Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia e lhe perguntara: “Senhor, quem é que te vai entregar?” 21Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “Senhor, o que vai ser deste?”
22Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa isso? Tu, segue-me!” 23Então, correu entre os discípulos a notícia de que aquele discípulo não morreria. Jesus não disse que ele não morreria, mas apenas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?”
24Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos.
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Para a Vigília de Pentecostes
(Jo 7,37-39)
37No último dia da festa, o dia mais solene, Jesus, em pé, proclamou em voz alta: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38Aquele que crê em mim, conforme diz a Escritura, rios de água viva jorrarão do seu interior”.
39Jesus falava do Espírito, que deviam receber os que tivessem fé nele; pois ainda não tinha sido dado o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
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Comentário do dia: Jean-Pierre de Caussade (1675-1751), jesuíta. O Abandono à Providência divina, cap. 11, §§ 191ss
«O mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever»
Desde a origem do mundo que Jesus Cristo vive em nós; Ele opera em nós durante todo o tempo da nossa vida […]; começou em Si mesmo e continua nos seus santos uma vida que nunca acaba. […] Se «o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever» sobre o que Ele fez e disse e sobre a sua própria vida, se o Evangelho esboça apenas alguns traços, se a primeira hora é tão desconhecida e tão fecunda, quantos evangelhos não seria preciso escrever para narrar a história de todos os momentos desta vida mística de Jesus Cristo, que multiplica os milagres indefinidamente e os multiplicará eternamente, uma vez que todos os tempos mais não são do que a história da acção divina? O Espírito Santo gravou em traços infalíveis e incontestáveis alguns momentos desta vasta duração, coligindo nas Escrituras algumas gotas deste mar e revelando através de que maneiras secretas e desconhecidas trouxe Jesus Cristo ao mundo. […]
O resto da história desta ação divina que consiste em toda a vida mística que Jesus vive nas almas santas até ao fim dos séculos é o objecto da nossa fé. […] O Espírito Santo já não escreve evangelhos senão nos corações; todas as ações, todos os momentos dos santos são o evangelho do Espírito Santo; as almas santas são o papel, os seus sofrimentos e acções são a tinta. O Espírito Santo, através da pena da sua acção, escreve um evangelho vivo. E só o poderemos ler no dia da glória em que, após ter saído da imprensa desta vida, será publicado.
Oh, que bela história! Que livro belo o Espírito Santo está a escrever! Ele está no prelo, santas almas, não há dia em que não se arranjem as letras, não se aplique tinta, não se imprimam as folhas. Mas estamos na noite da fé: o papel é mais negro do que a tinta […]; é uma língua do outro mundo, não a compreendemos; só podereis ler este evangelho no céu.
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