Iniciamos...: Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amem.
Ave Maria, cheia de graças...
CAPÍTULO III « PARA MIM, O VIVER É CRISTO »
O terço
36. Um instrumento tradicional na recitação do Rosário é o terço. No
seu uso mais superficial, reduz-se frequentemente a um simples meio para contar
e registar a sucessão das Ave Marias. Mas, presta-se também a exprimir
simbolismos, que podem conferir maior profundidade à contemplação.
A tal respeito, a primeira coisa a notar é como o terço converge para
o Crucificado, que desta forma abre e fecha o próprio itinerário da oração. Em
Cristo, está centrada a vida e a oração dos crentes. Tudo parte d'Ele, tudo
tende para Ele, tudo por Ele, no Espírito Santo, chega ao Pai.
Como instrumento de contagem que assinala o avançar da oração, o terço
evoca o caminho incessante da contemplação e da perfeição cristã. O Beato
Bártolo Longo via-o também como uma “cadeia” que nos prende a Deus. Cadeia sim,
mas uma doce cadeia; assim se apresenta sempre a relação com um Deus que é Pai.
Cadeia “filial”, que nos coloca em sintonia com Maria, a « serva do Senhor »
(Lc 1, 38), e em última instância com o próprio Cristo que, apesar de ser Deus,
Se fez « servo » por nosso amor (Flp 2, 7).
É bom alargar o significado simbólico do terço também à nossa relação
recíproca, recordando através dele o vínculo de comunhão e fraternidade que a
todos nos une em Cristo.
Começo e conclusão
37. Segundo a praxe comum, são vários os modos de introduzir o Rosário
nos distintos contextos eclesiais. Em algumas regiões, costuma-se iniciar com a
invocação do Salmo 69/70: « Ó Deus, vinde em nosso auxílio; Senhor,
socorrei-nos e salvai-nos », para de certo modo alimentar, na pessoa orante, a
humilde certeza da sua própria indigência; ao contrário, noutros lugares
começa-se com a recitação do Creio em Deus Pai,querendo de certo modo colocar a
profissão de fé como fundamento do caminho contemplativo que se inicia. Estes e
outros modos, na medida em que dispõem melhor à contemplação, são métodos
igualmente legítimos. A recitação termina com a oração pelas intenções do Papa,
para estender o olhar de quem reza ao amplo horizonte das necessidades
eclesiais. Foi precisamente para encorajar esta perspectiva eclesial do Rosário
que a Igreja quis enriquecê-lo com indulgências sagradas para quem o recitar
com as devidas disposições.
Assim vivido, o Rosário torna-se verdadeiramente um caminho
espiritual, onde Maria faz de mãe, mestra e guia, e apoia o fiel com a sua
poderosa intercessão. Como admirar-se de que o espírito, no final desta oração
em que teve a experiência íntima da maternidade de Maria, sinta a necessidade
de se expandir em louvores à Virgem Santa, quer com a oração esplêndida da
Salve Rainha, quer através das invocações da Ladainha Lauretana? É o remate dum
caminho interior que levou o fiel ao contacto vivo com o mistério de Cristo e
da sua Mãe Santíssima.
Próximo tema: A distribuição no tempo
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